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No vasto universo da computação e da ciência da informação, três conceitos fundamentais emergem como pilares essenciais: dados, informação e conhecimento. Cada um desempenha um papel distinto, mas interligado, na nossa compreensão do mundo digital e na tomada de decisões. Vamos explorar esses conceitos em detalhes.
Resumo:
- Dados são sequências de símbolos que não têm significado por si só, mas se tornam informação quando uma pessoa os compreende.
- Informação é um conjunto de dados organizados e interpretados, que permite a tomada de decisões mais inteligentes.
- Conhecimento é o resultado da combinação de várias informações, permitindo uma compreensão mais profunda do mundo.
- A alegoria do Quarto Chinês de John Searle destaca que, embora computadores processem dados de forma sintática, a verdadeira compreensão semântica é exclusivamente humana, como argumentado também por Valdemar W. Setzer. Assim, podemos dizer que ao inserir informação em um computador, ela deixa de ser informação e passa a ser apenas dados.
Dados
Dados podem ser entendidos como sequências de símbolos, prontos para serem quantificados e reproduzidos sem perda de fidelidade em relação ao original. Em essência, os dados são como a matéria-prima da informação, prontos para serem processados e interpretados. Seja um número, uma palavra ou qualquer outra forma estruturada, os dados podem ser armazenados e manipulados por computadores.
Imagine que temos o dado "2022" em uma planilha. Ele é formado por uma sequência de símbolos e pode ser reproduzido para outros computadores sem perda de fidelidade em relação ao dado original. Observe que olhando o dado "2022", não dá pra saber com certeza o que ele significa. É apenas uma palavra, ou como dizemos em programação, uma string, mas de forma geral não entendemos o que significa. Ou seja, não conseguimos entender o que esse dado sozinho significa e o que a pessoa que criou ou copiou esse dado quis dizer com ele.
Dados podem ser inteligíveis, mas sozinhos representam pouco. Um dado sozinho, sem mais nada, geralmente não tem muito significado. Por exemplo, "2022" pode significar o ano de 2022, mas também pode ser o ano de nascimento de alguém, ou o peso em quilogramas de um automóvel, entre outras possibilidades. Sem um contexto, um dado é apenas uma sequência de símbolos que pouco significam.
No entanto, é importante reconhecer que os dados, por si só, têm um valor limitado. Eles se transformam em informação no momento em que são compreendidos por uma pessoa. Aqui, entra em cena a capacidade humana de atribuir significado aos dados, transformando-os em algo mais do que meras sequências de símbolos.
Enquanto os dados podem ser armazenados e processados por computadores, é a interpretação humana que dá vida à informação.
Um dado se torna informação no momento em que é compreendido por uma pessoa. Se uma informação for feita e produzida por meio de dados, ela pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Ou seja, a verdadeira essência da informação reside na capacidade humana de interpretação.
Informação
A informação surge após o processamento de dados. Informação é o dado tratado, organizado e consolidado de uma forma que permita extrair significado e compreensão dentro de um determinado contexto. O que torna os dados importantes é, justamente, sua capacidade de tornar-se informação. Por exemplo, um conjunto de dados sobre a temperatura diária de uma cidade pode ser processado para identificar tendências climáticas.
A informação representa um conjunto de dados interpretáveis, que nos permite ampliar nosso conhecimento sobre o mundo e tomar decisões fundamentadas. É o resultado do processamento e da organização dos dados, fornecendo insights valiosos em um determinado contexto. Ferramentas como o Business Intelligence desempenham um papel crucial nesse processo, transformando dados brutos em informações valiosas para a tomada de decisões organizacionais.
Por exemplo, imagine um conjunto de dados sobre vendas de uma loja ao longo de um ano. Coleta-se dados sobre quais produtos foram vendidos, datas das vendas, qual o perfil do cliente e meios de pagamento. Quando esses dados são organizados e analisados, podem revelar padrões sazonais de vendas, identificar os produtos mais populares e ajudar a prever a demanda futura. Isso é a informação em ação, permitindo que gestores tomem decisões estratégicas baseadas em evidências.
É importante reconhecer as limitações dos computadores neste contexto. Enquanto as máquinas podem processar dados de forma eficiente, sua capacidade de atribuir significado semântico está severamente limitada. Como exemplificado pela alegoria do Quarto Chinês, proposta pelo filósofo John Searle, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, os computadores são máquinas sintáticas, capazes apenas de manipular símbolos seguindo regras predeterminadas.
Seguindo o argumento de Searle e do professor Valdemar W. Setzer, da USP, podemos dizer que ao inserir informação em um computador, ela deixa de ser informação e passa a ser apenas dados. No sentido aqui exposto, não se deve falar de "quantidade de informação", e sim "quantidade de dados" transmitida por um canal. "Bit" não é uma unidade de informação, e sim de dados, como o próprio nome sugere ("Binary Digit").
Conhecimento
Quando temos um conjunto suficientemente grande de informações, adquirimos o que se chama de conhecimento. Conhecimento é a integração de informações de diversas fontes de informação, para compreender o que ocorre no ambiente em que vivemos, e tomar decisões com mais segurança. É a síntese de experiências, aprendizados e insights, moldando nossa compreensão do mundo ao nosso redor.
Um exemplo claro de conhecimento é o acúmulo de experiências de um médico ao longo dos anos. Ele coleta informações sobre sintomas e tratamentos, aprende com cada caso e integra esse conhecimento para diagnosticar e tratar novos pacientes de forma mais eficaz. Esse processo é contínuo e dinâmico, sempre se expandindo e refinando.
No entanto, ao contrário dos dados e da informação, o conhecimento é profundamente subjetivo. Cada indivíduo tem suas próprias experiências e interpretações, o que significa que dois especialistas podem ter conhecimentos diferentes sobre o mesmo tópico. Um bebê de alguns meses, por exemplo, tem muito conhecimento prático, como reconhecer a mãe e saber que chorar resulta em comida. Mas não podemos dizer que ele possui informações, pois não associa conceitos de forma consciente.
Além disso, um ser humano pode estar consciente de seu próprio conhecimento, sendo capaz de descrevê-lo parcial e conceitualmente em termos de informação. A habilidade de refletir sobre o próprio conhecimento e compartilhá-lo de forma articulada é uma característica única dos seres humanos, algo que as máquinas ainda não podem replicar.
Em suma, o conhecimento é o ápice da cadeia de processamento de dados e informação. É através da interconexão entre dados, informação e conhecimento que navegamos no vasto oceano da informação digital, buscando compreender o mundo e tomar decisões informadas.
Alegoria do Quarto Chinês
Dada essa definição de dados e a caracterização de informações, podemos dizer que computadores são máquinas que processam dados. Não são máquinas que processam informações, porque elas não têm nenhum entendimento do que processam. A manipulação de dados feita por um computador é feita de forma sintática (de acordo com sua forma e regras), mas não semântica (não tem significado).
Nos anos 80, John Searle criou a alegoria do Quarto Chinês para argumentar que computadores são simplesmente máquinas sintáticas que combinam símbolos seguindo regras predeterminadas. Na alegoria, uma pessoa dentro de um quarto recebe perguntas em chinês e, seguindo um conjunto de regras de manipulação de símbolos (sem entender chinês), consegue formular respostas adequadas em chinês
No entanto, essa pessoa não entende chinês; apenas manipula símbolos de forma mecânica.
Assim sendo, um computador pode substituir o operador daquela sala, manipulando dados conforme regras estabelecidas. Mas seres humanos fazem mais; eles associam significado, semântica, ao que observam e pensam. Por outro lado, dados, desde que inteligíveis, são sempre incorporados por alguém como informação, porque os seres humanos (adultos) buscam constantemente por significação e entendimento.
Ao ler um texto, uma pessoa pode absorvê-lo como informação, desde que o compreenda. A interpretação e o entendimento são processos inerentemente humanos, que vão além das capacidades de processamento de dados de um computador. Consequentemente, alguns estudiosos argumentam que computadores nunca poderão pensar, porque pensar envolve semântica, compreensão.
Portanto, enquanto os dados são a matéria-prima, a informação é o produto do processamento e interpretação dos dados, e o conhecimento surge da integração e compreensão das informações. É através dessa interconexão que navegamos no vasto oceano da informação digital, buscando compreender o mundo e tomar decisões informadas.
Ao final, é crucial reconhecer que, apesar dos avanços tecnológicos, a compreensão humana continua a ser o fator determinante na transformação de dados em conhecimento útil e valioso.
Fontes:
- Valdemar Setzer: Dado, Informação, Conhecimento e Competência. Disponível em: Clique aqui!.
- IA – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL OU IMBECILIDADE AUTOMÁTICA? AS MÁQUINAS PODEM PENSAR E SENTIR?. Disponível em: Clique aqui!.
- Computers Don’t Understand - John Searle Chinese Room Argument (1984). Disponível em: Clique aqui!.
- The Chinese Room Experiment | The Hunt for AI | BBC Studios. Disponível em: Clique aqui!.